Pentecostes
Pentecostes inaugura a vida da Igreja, a comunidade dos credentes em Cristo. Isso
É o cumprimento da promessa feita pelo Filho, de mandar “um outro Consolador”, quando fosse glorificado. A presença de Jesus Cristo entre os homens nao termina com a Sua Ascensão, mas continua com um modo novo: “ O Paráclito, o Espirito Santo que o Pai mandara em Meu nome, Ele vos ensinará cada coisa e vos recordará tudo aquilo que Eu vos disse” (Gv 14,26). O Espirito Santo dado a todos os batezados funda a dignidade igual de todos os crentes, mas ao mesmo tempo confere diferentes carismas e ministérios para a edificação da Igreja. Que o Espirito Santo com os seus sete dons nos dê toda aquela força interior, todo aquele calor-amor por Deus.
Pentecostes é uma festa de maravilhas! “Ouvimo-los falar nas nossas línguas das grandes obras de Deus”. A surpresa agita a gente de Jerusalém e os próprios Apóstolos, naquela manhã de Pentecostes (I leitura). Tantos povos diversos, com línguas diferentes, falam uma linguagem comum: encontram-se todos em sintonia a falar das grandes obras de Deus (v. 8-11). O Espírito Santo, que acaba de descer sobre a comunidade reunida no Cenáculo, é o autor desta maravilha: isto é superar Babel e passar a uma vida de comunhão fraterna. De facto, em Babel a confusão das línguas tinha provocado a dispersão dos povos que, com atitude orgulhosa e egoísta queriam construir para si mesmos uma cidade e conquistar a fama (Gen 11,1-9); enquanto em Jerusalém, quando o Espírito desde, diversos povos conseguem entender-se e comunicar as grandes obras de Deus. No coração das pessoas, o Espírito desloca o centro de interesse: já não será a busca egoísta de si mesmos, a fama, agora interessa somente viver em Deus e narrar as suas obras, para o bem de toda a família humana.
A festa hebraica do Pentecostes tinha-se transformado num memorial das grades alianças de Deus com o seu Povo (com NOÉ, Abraão, Moisés, Jeremias, Ezequiel...). Agora, no momento mais alto do Pentecostes (v.1) chega o dom do Espírito, que é oferecido como princípio definitivo de vida nova: é Espírito de unidade de fé e de amor, na pluralidade de carismas e de culturas. A I e a II leituras conjugam bem a unidade e a diversidade, que são dois dons do mesmo Espírito: povos diversos que compõem o mapa do mundo entendem uma linguagem comum a todos. S. Paulo claramente atribui ao Espírito a capacidade de tornar a Igreja unida e multíplice na pluralidade de carismas, ministérios e actividades (v. 4-6). O Espírito quer uma Igreja rica de dons diversos, mas unida; uma Igreja que não cancela, mas que valoriza as diferenças. Porque são uma riqueza!
O Espírito santo é o maior fruto da Páscoa ma morte (Jo 19,30) e ressurreição de Jesus (Evangelho), que o sopra sobre os discípulos: “Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados serão perdoados” (v. 22-23). É o Espírito da misericórdia de Deus para o perdão dos pecados. Por isso mesmo, é também o Espírito da paz: com Deus e com os irmãos. É o Espírito da unidade na pluralidade. É o Espírito da missão universal, melhor, é o protagonista da missão (cf. RMi 15,9). (Sobre estes aspectos veja também o comentário dos Domingos II e IV da Páscoa).
O sopro de Jesus sobre os Apóstolos ao anoitecer do dia de Páscoa (v. 22) é já, para João, o Pentecostes e evoca a nova criação que é obra do Espírito, como explica um noto exegeta: “O gesto de soprar simboliza o surgir de uma humanidade nova; porém, os apóstolos a quem se dirige este gesto são considerados por Jesus não como o ponto de partida desta nova criação, mas como os colaboradores de Cristo e do Espírito Santo na realização deste desígnio grandioso: normalmente, é através da mediação deles que as pessoas são arrancadas ao domínio do pecado e recebem uma vida nova” (A. Feuillet). Na verdade, mesmo se por caminhos que para nós são invisíveis, o Espírito dispõe o coração das pessoas, mesmo os não cristãos, para o necessário encontro salvífico com Cristo, como ensina o Concílio.
Estreitamente ligada à obra criadora e renovadora do Espírito é também a sua acção capaz de sanar e curar a alma e o corpo das pessoas. Trata-se de uma energia real e eficaz, para a qual esiste uma sensibilidade particular no mundo missionário, mesmo se nem sempre o necessário discernimento é fácil. A acção curativa pode chegar também ao corpo, mas muito mais frequentemente toca o espírito humano, sarando as feridas interiores e infundindo o bálsamo da reconciliação e da paz. Num campo tão delicado, a acção missionária da Igreja deveria mover-se com maior coragem e criatividade. Deixando de lado temores excessivos, confiando mais no Espírito.
Palavra do Papa
“Com a força do Espírito Santo, toda a pessoa é interiormente renovada …O que fica dito, vale não só dos cristãos, mas de todos os homens de boa vontade, em cujos corações a graça opera ocultamente. Com efeito, já que por todos morreu Cristo e a vocação última de todos os homens é realmente uma só, a saber, a divina, devemos manter que o Espírito Santo a todos dá a possibilidade de se associarem a este mistério pascal por um modo a Deus conhecido”.
Concílio Vaticano II, Gaudium et Spes 22
(Texto citado três vezes por João Paulo II na Redemptoris Missio, n. 6.10.28)
Fonte: http://euntes.net/medita-miss/pentecoste-a-po.html